21:25

(21:25:23) Laranja: toc toc
(21:25:52) Lilás: quem é?
(21:26:02) Laranja: não vou dizer, mas quero entrar
(21:26:31) Lilás: hm..
(21:26:35) Lilás: inseguro,
(21:26:48) Lilás: perigoso isso.
(21:27:16) Laranja: você que escolhe
(21:27:49) Laranja: mas veja bem, segurança é o argumento dos estúpidos pra manterem-se no mesmo lugar
(21:27:53) Laranja: prometo-te a verdade
(21:28:00) Laranja: só a verdade
(21:28:03) Laranja: nada mais
(21:28:06) Laranja: nada de menos
(21:28:24) Lilás: sendo assim,
(21:28:28) Lilás: fiquei curiosa.
(21:28:40) Lilás: pode entrar (:
(21:29:00) Lilás: vô robar a frase de quebra
21:30
(21:30:47) Laranja: qual frase?
(21:31:11) Laranja: uau!
(21:31:23) Laranja: estou lisonjeado, foi pro topo do teu msn!
(21:32:02) Lilás: pro topo de uma situação
(21:32:06) Lilás: veio em hora certa
(21:32:11) Laranja: tomara
(21:32:13) Lilás: oaiheoiaeae
(21:32:17) Lilás: é
(21:32:20) Laranja: queria te falar uma coisa
(21:32:41) Laranja: mas o que quero dizer ainda não tem nome
(21:32:53) Laranja: deixa, senta mais
(21:32:57) Lilás: então inventa
(21:33:23) Laranja: você abriiu a porta pq quis
(21:33:28) Laranja: agora não saio mais daqui
(21:33:40) Laranja: por puro capricho
(21:34:05) Laranja: pq agora é aqui, nesse lugar não planejado, que quero ficar
(21:34:36) Lilás: temos um estrategista aqui então?
(21:34:49) Laranja: não
(21:34:54) Laranja: sou algo que não tem nome ainda
21:35
(21:35:08) Laranja: ando sem rumo, sem telhado
(21:35:16) Laranja: tenho pouco pra oferecer
(21:36:20) Laranja: não fico feliz por isso, pois a felicidade é a máscara dos estúpidos, dos com coração vazio, dos que enxergam perto demais
(21:36:22) Lilás: pouco?
(21:36:35) Laranja: pouco... na verdade, quase nada
(21:36:46) Lilás: mas a VERDADE é tudo.
(21:36:55) Laranja: sou pouco, portanto, tenho pouco pra oferecer
(21:37:25) Laranja: tenho meia dúzia de verdades, o dobro de mentiras, mas sou franco, e apesar de oferecer pouco quero tudo, quero o máximo
(21:37:36) Laranja: mesmo mentindo sou franco
(21:38:21) Laranja: e é assim que ando, perdido, tropeçando nas bobagens mais próximas e secundárias... cambalerando numa vida que não é minha, nunca foi
21:40
(21:40:53) Laranja: ela me abraça, mente pra mim, sei que mente, ela também sabe que eu sei, mas abraça forte, parece franca, e gosto por falta de alternativa, por insistência, pela conveniência de se segurar e se justificar no que há de mais secundário e falso
(21:41:59) Lilás: a falsidade me soa como a verdade mais doce.
(21:42:07) Lilás: mentira ou verdade
(21:42:22) Lilás: só quero que fira meu ceticismo.
(21:42:58) Lilás: então eu abro meus braços préssa tua mediocridade
(21:43:06) Lilás: préssa tua miséria.
(21:43:28) Lilás: pode me abraçar,
(21:43:43) Lilás: sou secundária e falsa
(21:43:56) Lilás: mas ofereço somente verdades.
(21:44:20) Laranja: sua franqueza me toca, e sabe bem
(21:44:50) Laranja: suma da minha vida de uma vez, me engane
21:45
(21:45:07) Laranja: sou todo seu, sou todo prova
(21:45:41) Laranja: me deixe no seu colo
(21:45:48) Laranja: mais um pouco
(21:47:12) Laranja: finjo que durmo, pra sempre poder ver quando vai embora
(21:47:27) Lilás: te deixo no colo
(21:47:33) Lilás: e te acaricio
(21:47:51) Lilás: mesmo sabendo que és raposa.
(21:48:25) Lilás: e não temo.
(21:48:42) Laranja: sou uma raposa mentirosa
(21:48:51) Laranja: nem raposa pude ser
(21:49:02) Laranja: contigo, raposa é pouco
(21:49:31) Laranja: não me escondo, pois não mais posso
(21:49:53) Laranja: enxerga-me por dentro, e agora sabe que nem raposa posso ser
21:50
(21:50:16) Laranja: desfez minhas fantasias, minhas mentiras, meus personagens
(21:50:51) Laranja: deixei que caísse por ti a maior das mentiras
(21:51:59) Laranja: e assim, de mim, nada tem senão o que vê, senão minha franqueza, o que sou, de fato
(21:52:27) Lilás: nu.
(21:52:48) Lilás: o nu é tão verdade qnto toda a mentira.
(21:52:58) Lilás: me pegue de surpresa
(21:53:32) Lilás: e qq segurança estúpida irá cair.
(21:53:46) Lilás: contando segredos à raposa,
(21:54:09) Lilás: fique com o pé atrás.
(21:54:20) Lilás: conselho de raposa.
21:55
(21:55:24) Laranja: toc toc
(21:55:42) Lilás: o que tens aí?
(21:55:59) Laranja: trago a verdade nos braços, um tornado nos dentre
(21:56:02) Laranja: dentes
(21:56:08) Laranja: sei das noites que mal dorme
(21:56:35) Laranja: das tristezas, ainda sem nome, de uma vida que não faz sentido
(21:57:02) Laranja: sei da tua vontade de se tornar estúpida, pra sentir menos
(21:57:15) Laranja: pra se casar feito as meninas com a cabeça de vento
(21:57:48) Laranja: sei que sua beleza te incomoda, que viveria melhor sem ela
(21:58:25) Laranja: que parece feliz, sei que atua, mas que não encontra o que procura
(21:58:42) Laranja: digo que não vai mesmo encontrar nada onde está procurando
(21:58:46) Laranja: insisto, não é assim
(21:58:58) Laranja: venha, pule!
(21:59:14) Laranja: olhe pro horizonte, procure ver o que ele sussura em teus ouvidos
(21:59:23) Laranja: ele diz "pule!'
22:00
(22:00:38) Laranja: te abro uma das mãos e te ofereço tudo o que já tem, o quebra cabeça que nunca conseguirá montar, uma vida de pedaços, de migalhas
(22:01:59) Laranja: mostro-te os dentes, a insensibilidade, a grosseria e a impessoalidade dos que não te olham nos olhos, dos que não te enxergam, dos que nunca te olharão de verdade
(22:02:16) Laranja: também ofereço a outra mão, inteira, pra que segure
(22:02:27) Laranja: pra te dar a sensação de que está escolhendo
(22:02:48) Laranja: segure na minha mão
(22:03:04) Laranja: eles são muitos, mas sabem muito pouco, são estúpidos e serão assim pra sempre
(22:03:24) Laranja: não! continue respirando
(22:03:34) Laranja: olhe nos meus olhos, profundamente
(22:03:38) Laranja: o que vê?
(22:03:42) Laranja: não responda
(22:03:49) Laranja: olhe fundo
(22:03:58) Laranja: eu te vejo, então deve poder me ver também
(22:04:16) Laranja: não! continue respirando, forte, não desista, não olhe pra eles
(22:04:48) Laranja: sim, é tudo que tenho
(22:04:52) Laranja: venha
(22:04:52) Laranja: vamos
(22:04:54) Laranja: arranco-te a pele
(22:04:59) Laranja: toda a pele
22:05
(22:05:08) Laranja: essa pele estéril que não mais te serve
(22:05:20) Laranja: veja, olhe de novo pros meus olhos... o que vê agora?
(22:05:28) Laranja: sim, é assim que é
(22:05:32) Laranja: sou você
(22:05:48) Laranja: só que ao contrário
(22:05:57) Laranja: prometo-te tudo que é teu
(22:06:04) Laranja: tudo que sempre quis te dar
(22:06:11) Laranja: venha, vamos
(22:06:32) Laranja: fique calma, é estranho mesmo no começo
(22:06:45) Laranja: espere pra ver o beijo
(22:07:07) Lilás: sensação estranha de mim mesma.
(22:07:21) Lilás: me proibiria de sentir-me assim
(22:07:34) Lilás: mas não posso deixar de usar o 'como'
(22:07:38) Lilás: nesses termos.
(22:07:58) Lilás: sou avesso ao meu avesso.
(22:08:13) Lilás: e me uso, me visto, me chamo
(22:08:31) Lilás: em toda indecência.
(22:09:04) Lilás: avessa ao meu avesso*
(22:09:35) Lilás: mas não leia o correto
(22:09:50) Lilás: sem ter lido primeiro o in.
22:10
(22:10:04) Lilás: olha lá eu denovo agindo como disseste.
(22:10:16) Lilás: quero logo o beijo!
(22:10:20) Lilás: vamos me dê.
(22:10:44) Lilás: que eu já não consigo controlar
(22:11:07) Laranja: [sorrio calmamente enquanto fala]
(22:11:28) Laranja: digo, insisto, será teu primeiro beijo
(22:13:10) Laranja: pois nunca entendeu nada de nada enquanto esteve com eles, enquanto foste besta, enquanto foste a pobreza dos insensíveis e dos impessoais
(22:13:35) Laranja: enquanto eu te procurava por toda a vida, com meus olhos cheios de lágrimas por ti
(22:14:08) Laranja: enquanto perdia teu tempo
(22:14:15) Laranja: enquanto cuidava do fígado
(22:14:48) Laranja: enquanto procurava , sem saber, pelo avesso
(22:14:52) Laranja: quer mesmo assim?
22:15
(22:15:48) Lilás: quero.
(22:15:52) Lilás: mesmo sabendo que mentes
(22:16:07) Lilás: que não chorastes
(22:16:20) Lilás: que me encontrates mesmo ao acaso.
(22:16:26) Laranja: chorava mesmo sem saber
(22:16:34) Lilás: e de tal dificuldade, crias uma fantasia
(22:16:35) Laranja: sou seu avesso
(22:16:52) Lilás: pra me mostrar que é quem eu buscava
(22:17:04) Lilás: pra me dar a sensação de escolha.
(22:17:11) Lilás: a mesma da mão inteira.
(22:17:23) Lilás: a mesma que me envolveu.
(22:17:29) Lilás: quero!
(22:17:51) Laranja: não tem remédio, nunca teve
(22:18:06) Laranja: isso não tem cura
(22:18:29) Laranja: segure em mim por um momento, venha ver
(22:18:33) Laranja: olhe pra eles...
(22:18:57) Laranja: veja o céu da américa do sul
(22:19:10) Laranja: veja o vermelho diabo que sai dos lugares luxuosos
(22:19:15) Laranja: calma...
(22:19:34) Laranja: segure mais forte em mim
(22:19:38) Laranja: vamos pro quarto andar
(22:19:55) Laranja: veja aquele pobre diabo
22:20
(22:20:05) Laranja: - FULANO! - chamo
(22:20:20) Laranja: ele acenou com a cabeça pois fui franco
(22:20:28) Laranja: - Besta, venha cá!
(22:20:44) Laranja: - Veja esta nossa vista esplêndida da estupidez humana
(22:21:00) Laranja: - Que quer da vida?
(22:21:17) Laranja: pergunte pra ele se ele consegue ver também
(22:21:46) Laranja: - Sou homem ou sou bicho - pergunta o homem
(22:21:51) Laranja: - És bicho - respondo
(22:22:11) Laranja: - Sente o peso do mundo nos teus ombros, ó bicho?
(22:22:23) Laranja: - Estou te acusando
(22:22:44) Laranja: - Mas a culpa não é sua
(22:22:51) Laranja: - Sente o fígado?
(22:23:10) Laranja: vamos embora
(22:23:54) Laranja: te encontrei quando não te procurava
(22:24:30) Laranja: eu sabia que seria assim
(22:24:55) Laranja: te encontrei pelas asas do acaso, te encontrei quando deixei de te procurar
22:25
(22:25:55) Lilás: é o fim de mim?
(22:25:59) Lilás: do meu avesso?
(22:26:04) Lilás: me mostra mais
(22:26:08) Lilás: quero tanto.
(22:26:41) Lilás: ver assim cru
(22:26:54) Lilás: é ver o que eu me recuso
(22:27:22) Lilás: o que eu escondo tããão deseprado
(22:27:23) Lilás: de mim.
(22:27:47) Lilás: e o que vêem, e o que procuram.
(22:27:58) Lilás: mas não entendem, não sabem, não acreditam
(22:28:19) Lilás: é o que aceitam quando eu teimo
(22:28:32) Lilás: dizendo que a culpa lhes compete
(22:28:43) Lilás: me diz,
(22:28:51) Lilás: sou triste ou feliz?
(22:28:59) Lilás: melhor,
(22:29:11) Lilás: sinto diferença entre eles?
22:30
(22:30:40) Lilás: desesperado*
(22:31:18) Laranja: você sente tudo
(22:31:27) Laranja: só não sabe bem os nomes das coisas
(22:32:32) Lilás: muito ou pouco?
(22:32:48) Laranja: é tudo seu, só não consegue pegar
(22:33:34) Laranja: são muitos, mas não entendem nada!
(22:33:39) Laranja: deixa que vá, pouco importa
(22:33:48) Laranja: nunca fez diferença, não é agora que vai fazer
(22:33:58) Laranja: não vai achar sentido nisso
(22:34:10) Laranja: vá, prove as coisas
22:35
(22:35:21) Laranja: escolha suas drogas, suas armas, guarde suas mentiras nos bolsos só pra você
(22:35:29) Laranja: enfie-se nas duas drogas
(22:35:40) Laranja: é uma luta sem lados, sem inimigos
(22:35:44) Laranja: luta sozinha, feito todos
(22:35:48) Laranja: luta contigo mesma
(22:35:55) Laranja: numa estrada que não tem fim nem começo
(22:36:40) Laranja: use toda a maquiagem de uma vez, finja, finja tudo que puder
(22:36:47) Laranja: é assim que se faz
(22:37:32) Laranja: é algo que não tem sentido por si próprio, então faça o que quiser
(22:37:55) Laranja: o que acha da vista? esplêndida, não?
(22:39:07) Laranja: deixa pra lá
(22:39:50) Laranja: posso ficar mais um pouco no teu colo, antes que vá embora? prometo que não te olho mais nos olhos.
22:40
(22:40:15) Lilás: sabes bem o que fez não é?
(22:40:31) Laranja: não sei
(22:41:06) Laranja: conte-me, verdade ou mentira, mas seja franca
(22:41:07) Lilás: não é de ti
(22:41:28) Lilás: referia-me à terceira pessoa.
(22:41:44) Lilás: fez.
(22:41:49) Lilás: e não fizeste.
(22:41:55) Lilás: serei.
(22:42:21) Lilás: aliás, seria, se prolongasse esse impulso
(22:42:32) Lilás: que é tão de mim quanto dissestes
(22:42:38) Lilás: de culpar.
(22:42:51) Lilás: diria que sou apenas resultado
(22:42:56) Lilás: de quem me fez
(22:42:59) Lilás: bicho.
(22:43:08) Lilás: agindo por estinto,
(22:43:19) Lilás: guiado por todo tipo de convenção
(22:43:36) Lilás: claro, contrátia a elas.
(22:43:41) Lilás: diria.
(22:43:59) Lilás: contrária*
22:45
(22:45:56) Laranja: sairei por aquela porta, já não consigo mais
(22:46:07) Laranja: toc toc
(22:46:54) Lilás: tenho sempre essa sensação sem nome.
(22:47:08) Lilás: deixe-me repartí-la com você
(22:47:11) Lilás: para que vá
(22:47:12) Laranja: voltei com suas verdades e seu tornado
(22:47:13) Laranja: quero plantar o tornado no teu quintal
(22:47:17) Lilás: e se lembre.
(22:47:20) Laranja: ok, que venha
(22:47:29) Lilás: pegue
(22:47:44) Laranja: o que é isso?
(22:47:50) Laranja: que faço com isso?
(22:48:09) Lilás: enfia no bolso.
(22:48:15) Lilás: aperta bem qndo lembrar
(22:48:30) Lilás: mas não queira sentir
(22:48:35) Lilás: nada.
(22:48:42) Lilás: e não abra mão do tudo.
(22:48:54) Lilás: feche a porta qndo sair.
22:50
(22:50:53) Lilás: feche antes q vejas como eu
(22:51:03) Lilás: aquilo que vejo daqui de cima
(22:53:48) Lilás: calma!
(22:53:49) Laranja: Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável.
No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo.
(22:54:07) Laranja: Ela o olhava com um olhar intenso onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles. Viu-a assim por um lapso, em sua beleza morena, real mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória.
(22:54:20) Laranja: Quis emprestar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser evaporar-se em direção a ela. Mais tarde lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa. Lembrar-se-ia haver-se dito que a ausência de cores é completa em todos os instantes de separação.
(22:54:36) Laranja: Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de secionar aqueles das mundos que eram ele e ela.
(22:54:51) Laranja: Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se multo longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce. Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado, e dele separada por imperativos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela.
22:55
(22:55:07) Laranja: Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais.
(22:55:21) Laranja: E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoara com os seus beijos e agasalhara nos instantes do amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias - um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas.
(22:55:40) Laranja: De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde…
(22:58:01) Lilás: -calma!
(22:58:08) Lilás: mas a porta se fechara
(22:58:24) Lilás: eu queria um último beijo.
(22:58:38) Lilás: imóvel
(22:58:46) Lilás: eu como a porta.
23:00
(23:00:23) Laranja: ela ouve por trás da porta "- Eu queria um último beijo seu."
(23:00:52) Lilás: era
(23:01:25) Lilás: 'calma! me dá um ultimo beijo..'
(23:01:44) Lilás: talvez ele n quisesse ver aqueele olhar
(23:01:48) Lilás: ah,
(23:01:51) Lilás: o olhar.
(23:03:03) Laranja: Eu conhecia muito bem o cheiro daquela mulher, encontraria-a de olhos fechados entre outras mil beldades.
(23:03:54) Laranja: O cheiro estava forte como nunca, talvez soubesse que seria a última vez que o sentiria.
(23:04:54) Laranja: Trazia o conforto do inevitável em seus braços, o peso transformou-se em doçura quando olhou para os lábios dela.
23:05
(23:05:55) Laranja: Não mais lembrava o motivo pelo qual estavam metidos no meio daquele tornado, mas sabia que tinha que ir, mesmo sem saber pra onde.
(23:07:47) Laranja: Abraçou-a, como se implorasse pra que ela insistisse, pra ganhar tempo, pra guardar bem aquele cheiro na memória, pra que algo acontecesse naquele momento congelado e desistissem do fim.
(23:08:40) Laranja: Uma orelha sua em cada palma da minha mão.
(23:09:30) Laranja: Sorrio com pena de nós.
(23:09:53) Laranja: Você não sorri, mas vejo em seus olhos que ainda acredita.
23:10
(23:11:34) Laranja: Penso que não haveria motivo pra me negar um último beijo, e ainda com uma orelha sua em cada palma de mão vou chegando perto, até tocar teus lábios, até sentir tua respiração, teu ressentimento que esquenta o corpo.
(23:12:01) Laranja: Preciso desse beijo em minha memória, penso.
(23:12:24) Lilás: mas talvez n haja tempo
(23:13:42) Lilás: silêncio.
(23:14:01) Laranja: Preciso desse beijo em minha memória, penso.
(23:14:27) Laranja: Sinto que meus lábios tocaram os lábios dela. Preciso desse beijo.
(23:14:38) Lilás: deixa o tempo pros estúpidos.
(23:14:39) Laranja: Já não quero mais ir embora.
(23:14:47) Laranja: Mas não posso dizer isso.
23:15
(23:15:23) Lilás: acaricio teus cabelos, reclina-se sobre o meu colo novamente
(23:15:33) Lilás: mas a porta está aberta.
(23:16:05) Laranja: Seguro em sua cintura, levo-te pra um lugar que não vemos mais a porta.
(23:16:37) Laranja: Não quero mais ir embora, não tenho mais motivo pra ir embora, nunca tive, não sei o que estou fazendo.
(23:16:47) Laranja: Mas eu sei que vou depois desse beijo.
(23:17:03) Laranja: Uma orelha sua em cada palma de minha mão.
(23:17:03) Lilás: deixa-me te vendar?
(23:17:13) Laranja: Sinto um cheiro bom nos teus cabelos.
(23:17:58) Laranja: Coloco os dedos entre seus cabelos, a ponta de cada dedo tocando sua cabeça suavemente.
(23:18:23) Laranja: Cheiro seus cabelos, cheiro sua orelha, suas bochechas.
(23:18:29) Lilás: eu insisto.
(23:18:33) Laranja: Preciso guardar esse cheiro na memória.
(23:18:39) Lilás: deixa
(23:19:00) Laranja: Faça o que quiser, sou todo teu.
(23:19:19) Laranja: Até sair por aquela porta.
(23:19:26) Lilás: temos num bolso a verdade
(23:19:40) Lilás: no outro, aquela sensação sem nome.
23:20
(23:20:01) Lilás: envolvo teus olhos num lenço vermelho
(23:20:21) Lilás: com cuidado, acaricio teus cabelos.
(23:20:58) Lilás: suavemente me desfaço dos teus braços em minha cintura.
(23:21:02) Lilás: ah!
(23:21:12) Lilás: sinto ardente o desejo
(23:21:56) Lilás: e o pesar de tôdo esse tornado.
(23:22:06) Lilás: afasto-me qual raposa.
(23:22:14) Lilás: só caberia um de nós ali.
(23:22:24) Lilás: silenciosamente
(23:22:38) Lilás: olho a porta entreaberta
(23:22:57) Lilás: todos aqueles sentimentos sem nome nos rodeiam
(23:23:09) Lilás: respiração ofegante,
(23:23:25) Lilás: encerro-a após mim.
(23:23:31) Lilás: a porta.
23:25
(23:27:55) Laranja: Estou vendado. Controla-me agora. Já não posso ir a lugar algum.
(23:28:43) Laranja: Honey, please don't cry, listen to me... There's no reason why we shouldn't agree...
(23:28:56) Lilás: encerrei-a a pós mim.
(23:29:02) Lilás: após*
(23:29:17) Lilás: deixei-o com aquele cheiro
(23:29:30) Lilás: mas não pude com a verdade,
(23:29:34) Lilás: qual raposa.
(23:29:44) Lilás: eu fui.
23:30
(23:32:04) Lilás: laranja
(23:32:09) Lilás: preciso dormir!
(23:32:12) Laranja: Laranja?
(23:32:17) Laranja: Ahhh sim, Laranja.
(23:32:20) Lilás: aoeihaeoi
(23:32:22) Lilás: é
(23:32:27) Laranja: opa, desculpe, não estava aqui
(23:32:29) Lilás: nao quero
(23:32:33) Lilás: mas preciso.
(23:32:44) Laranja: não quer ir dormir?{
(23:32:49) Laranja: anda com medo do escuro de novo?
(23:32:56) Lilás: nao
(23:33:13) Lilás: de fechar a porta do quarto.
(23:33:19) Laranja: ouch
(23:33:27) Lilás: podemos postar uma conversadeacasos?
(23:33:38) Laranja: juntos?
(23:33:39) Laranja: vambora
(23:33:53) Laranja: cacete ĺilás, adorei isso
(23:33:58) Lilás: odecaipo posta?
(23:33:59) Laranja: lilás
(23:34:22) Laranja: como quer?
(23:34:22) Lilás: ?
(23:34:37) Lilás: amor de balcao
(23:34:56) Laranja: daqueles que se compra no supermercado?
23:35
(23:35:19) Lilás: daqueles que se encontra no balcao de bar
(23:35:26) Lilás: e se perde ali msmo
(23:35:27) Laranja: tem amor de mercado
(23:35:34) Laranja: que se compra no supermercado do amor
(23:35:43) Laranja: empacotado e com um preço sedutor
(23:35:47) Lilás: como odecaipo quer?
(23:35:56) Laranja: não sei, sou o Laranja
(23:36:08) Laranja: não saberia recortar isso
(23:36:20) Lilás: pergunte a ele, peça-o pra postar?
(23:36:34) Laranja: lilás, veja bem
(23:36:49) Laranja: posso tentar sintetizar isso, cortar uns pedaços, incluir outros
(23:36:55) Laranja: manter a estrutura de diálogo
(23:37:00) Laranja: não sei
(23:37:07) Lilás: laranja
(23:37:10) Lilás: laranja.
(23:37:11) Laranja: mas entraram umas cinco pessoas diferentes na nossa conversa
(23:37:13) Laranja: oi oi
(23:37:17) Laranja: Laranja, Laranja...
(23:37:18) Laranja: Sim, sim...
(23:37:20) Laranja: estou aqui
(23:37:46) Lilás: deixe-o como está; estúpidos têm medo.
(23:37:51) Laranja: vou salvar a conversa toda, depois vemos o que fazemos com isso
(23:37:55) Lilás: inclua laranja e lilás
(23:37:57) Laranja: é enorme
(23:38:05) Laranja: Laranja e lilás
(23:38:12) Lilás: não se prenda a isso.
(23:38:21) Lilás: digo,
(23:38:27) Lilás: inclua isso tb.
(23:38:35) Laranja: será?
(23:38:38) Lilás: deixe pra lá o tamanho
(23:38:41) Laranja: tenho meeedo
(23:38:43) Lilás: não tire nada
(23:38:56) Lilás: não se apegue a ele,
(23:39:15) Lilás: vamos sair do lugar.
(23:39:29) Laranja: eu topo
23:40
(23:40:07) Lilás: quero saborear isso outra vez.
(23:40:10) Lilás: até breve.
(23:40:11) Laranja: eu também
(23:40:15) Laranja: até logo menos
(23:40:16) Laranja: obrigado
(23:40:36) Lilás: obrigada